domingo, 2 de janeiro de 2011

Por que missionarios na Alemanha?

Amados leitores do meu blog abandonado, me perdoem por nao ter mais escrito aqui, mas esse ano quero mudar isso, essa é uma das minha metas: ressuscitar esse blog rss e comeco postando algo que a minha filha escreveu, eu concordo 2oo por cento rss com o que esta escrito e é um pouco dos bragancas na Alemanha rss. Aqui esta, boa leitura e nao esquecam de comentar no final rss.


Por que ser missionário na Alemanha?

"Todo pastor quer ser missionário na Europa. Quero ver pastor que quer ser missionário no Nordeste ou na África..."

Li, certa vez, a frase acima numa comunidade cristã na internet e lembro que tive duas reações a respeito. Primeiro, concordei dando risada e depois fiquei ofendida. As pessoas que responderam à frase pareceram ser todas unânimes em concordância.



Nessa frase estão embutidas pelo menos duas ideias:

1. Pastores/missionários na Europa têm uma vida muito mais fácil/melhor.
2. O nordeste brasileiro e a África têm uma necessidade muito maior do Evangelho.

Eu entendo o pressuposto. Quando eu era criança, eu dizia que seria missionária na Disney, só para ter a chance de me divertir a custo do meu "chamado". Quem quer ir para a Europa como missionário, deve estar pensando a mesma coisa, não? Afinal, a Europa necessita de missionários? Quão mais fácil é a vida na Europa, em relação ao nordeste brasileiro e à África?

Meus pais foram missionários no nordeste. Eles chegaram numa região que, de fato, era mais pobre que São Paulo, mas onde as pessoas eram mais hospitaleiras, abertas e mais conscientes da sua necessidade de Cristo. Encontramos pessoas extremamente criativas e com talentos naturais, que sabiam fazer o impossível a partir dos poucos recursos. Uma vez transformados por Deus, suas vidas não continuavam as mesmas. Fizemos amigos para a vida toda. Amigos que até hoje oferecem insistentemente suas próprias camas quando têm visitantes e que não enxergam limites para o serviço um para com o outro. O trabalho missionário iniciado lá, mais de duas décadas depois, prossegue e prospera, mesmo com dificuldades financeiras.

Sei que essa é a experiência de muitos outros missionários. A África já é conhecida por suas megachurches, pessoas se convertendo na base das centenas, pessoas que dançam e cantam e testemunham apaixonadamente a respeito do amor que os transformou. A miséria é, de fato, grande, mas os frutos evidentes fazem tudo valer a pena.

E na Europa? Vou falar da Alemanha, que essa é a nossa experiência.

Um missionário brasileiro pode chegar na Alemanha e ter alguns choques. O primeiro é que o idioma é muito mais difícil do que parece. Não falar o idioma nacional em qualquer país é pior do que ser um analfabeto. É difícil não ser capaz de se expressar, nem que a sua vida dependa disso.

O segundo choque é que essa é uma cultura extremamente diferente. Enquanto o brasileiro e o africano são conhecidos por demonstrarem alegria em meio à miséria, a Alemanha parece ser especialista em mostrar tristeza em meio à prosperidade. As pessoas têm todos os recursos que necessitam, mas não têm um sentido na vida. A guerra não só matou judeus, como também mutilou o caráter de uma geração inteira de alemães. As pessoas se isolaram, passaram a suspeitar de todo tipo de poder elevado, criaram a tendência a se preocupar a todo instante com tudo. Uma geração inteira de homens, pais de família, voltaram desmoralizados, frios e fechados da guerra, incapazes de demonstrar amor por seus filhos, que formaram a próxima geração, homens e mulheres adultos na Alemanha hoje. Muitos se fecharam numa muralha de orgulho, solidão e desconfiança.

Não há hospitalidade. Há suspeita em relação a todo estrangeiro. Há solidão, frio e barreiras culturais demais para se transpor. O evangelho não se prolifera. Igrejas consideradas bem grandes* na Alemanha, nas poucas cidades onde elas se encontram, têm cerca de 100 pessoas. Não é difícil ter que viajar muitos quilometros para se visitar uma.

É nesse lugar que chegam constantemente brasileiros empolgados com a possível melhora de vida e que em menos de um ano desistem e voltam para o Brasil, desiludidos e re-apaixonados pela própria pátria.

É para esse mesmo lugar que apenas alguns poucos missionários conseguem ir. E mesmo depois de lutar com o idioma, com a frieza da população, com a solidão, com a burocracia, com o clima hostil, com os preços elevados de moradia, aquecimento, alimentação e água, ele não tem o apoio que precisa dos cristãos no Brasil, porque estes acham que o missionário está muito bem de vida, curtindo ser turista numa sociedade extremamente próspera. A Alemanha é próspera financeiramente, de fato. O que significa que os preços das coisas mais básicas para a sobrevivência são muito mais elevados do que nos países pobres. Dá para imaginar o que isso significa para um missionário que sobrevive a partir de doações de cristãos no Brasil.

Se você quer ser missionário na Alemanha, não deixe que tudo isso que falei o desanime. Deus ainda age, em qualquer lugar, de qualquer forma. Os corações de pedra podem ainda ser trocados por um coração de carne. Mas é um longo processo, que exige paciência, fé e muito amor. O objetivo desse post não é desanimar, mas mostrar para aqueles que não têm o mesmo chamado, que eles precisam apoia-lo, quer você vá para a região mais pobre da África ou para a mais rica da Alemanha. O que o envia é o mesmo e os desafios, embora diferentes, são tão gigantescos quanto.

Fato: Só no Brasil há mais evangélicos que na Europa INTEIRA.

Estatísticas
População alemã: 82 milhões
Evangélicos: 3,2 % = 2.624.000
Pentecostais: 0,1 % = 100.000

Deus os abençoe,
Noemi

4 comentários:

Liviavaz disse...

Queridos Braganças,
como fiquei tocada com o texto da Noemi! A nossa igreja sustenta 1 missionário na Europa, e às vezes ouvimos comentários desse tipo: que "melhor seria 2 no norte de MG que 1 tão longe, onde as pessoas já conhecem o Senhor".
Quero pedir permissão da autora para divulgar esse texto aqui na nossa igreja, para que haja conscientização do quão é importante o trabalho missionário na Europa.
Deus abençoe vocês.

'juoxien'

Bruno e Noemi disse...

Oi, Lívia! Pode divulgar sim. Deus abencoe você! Beijos, Noemi

Gabriel Tiburcio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gabriel Tiburcio disse...

Wania amei o seu post, sei que tenho o chamdo pra a Alemanha e não disistirei, obrigado fique com Deus força!